sábado, 26 de março de 2016

ÁRVORES URBANAS




CONHEÇA O ALFENEIRO DO JAPÃO


Alessandra Teixeira da Silva (*)

Engenheira Florestal

Botânica: De acordo com a classificação botânica (ordenação das plantas em categorias hierárquicas), o Alfeneiro-do-Japão pertence ao Reino Plantae; Filo Magnoliophyta; Classe Magnoliopsida e Familia Oleaceae. A espécie mais conhecida  apresenta o nome científico Ligustrum lucidum var. japonicum e sinonímia botânica Ligustrum magnoliaefolium . É considerada uma árvores ornamental e apresenta também os nomes populares: alfeneiro, alfeneiro-da-china, alfeneiro-brilhante, alfeneiro-de-rua ou ligustro.

Origem e clima: Originária da China; é uma espécie adaptada aos climas tropical de altitude, subtropical, tropical, tropical úmido.

Caracteristicas gerais: É uma árvore de crescimento rápido podendo atingir até 8 metros de altura e também é uma espécie perenifólia (apresenta folhas permanentes). O tronco é grosso de casca escura e com fissuras irregulares. As folhas são simples, opostas, ovaladas com ápice alongado, verde-escuras brilhantes e coriáceas, podendo apresentar entre 8-15 cm de comprimento. A inflorescência é distribuída em panícula cônica e densa, terminal com flores brancas pequenas. É uma espécie pouco exigente quanto ao solo. A propagação é realizada por meio de sementes. A frutificação ocorre de maio a julho, os frutos são arroxeados e ornamentais, porém são tóxicos para o homem. A floração ocorre entre os meses de outubro a dezembro, ocorrendo assim uma variação dependendo da região do Brasil.



Aspectos paisagísticos e utilização: Árvore ornamental adaptada no Brasil e largamente utilizada pelos profissionais da área de paisagismo e arborização urbana. Apresenta uma copa arredondada e pode atingir até 6 metros de diâmetro. Recomenda-se plantar em logradouros públicos como praças e parques, sempre lembrando que é uma árvore exótica. Pode ser utilizada em avenidas largas e ruas estreitas com fiação elétrica., pois é uma espécie resistente à poda e também apresenta  característica em projetar um denso sombreamento durante o ano todo, mas apresenta uma limitação, pois as raízes são supercifiais, portanto deve-se planejar cuidadosamente o uso desta espécie. Os ligustros normalmente são podados de forma drástica, mas mesmo assim, quando esta poda é executada com boa técnica, com certeza teremos um formato de copa bonito que consequentemente favorecerá o aspecto paisagístico desta árvore. Já foi considerada a "árvore ideal" para arborização urbana. É comum apresentar, no interior da copa, ramos eretos, verticais, muito usados para a confecção de cabos de ferramentas.

Onde encontrar: Na Praça Leonardo Venerando, prolongamento da Praça Dr. Augusto Silva, em Lavras, encontram-se alguns exemplares que circulam a área na calçada. Na Praça Dr. José Esteves também encontramos alguns exemplares de Alfeneiro do Japão. Estes apresentam em senescência, ou seja, já apresentam no seu ciclo final de vida. Segundo pesquisas e levantamentos estas árvores apresentam uma idade de aproximadamente 67 anos. Neste caso recomenda-se fazer a substituição para que não ocorram sérios acidentes principalmente na estação chuvosa quando as chuvas e os ventos chegam com maior intensidade.



Fontes: Carvalho, D. A. Sistemática Vegetal, Textos acadêmicos, Ufla, 2000;  (*) SILVA, A.T.: Evolução Histórico-Cultural e Paisagística das Praças Dr. Augusto Silva e Leonardo Venerando , Lavras, MG. 2006. 238p. Tese (Doutorado), Universidade Federal de Lavras/UFLA. 

Trabalho de pesquisa de pós- doutorado intitulado:: RESGATE HISTÓRICO DE 04 PRAÇAS * PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE LAVRAS: arborização Urbana; paisagismo; aspectos culturais e sociais e Análise Espaço Temporal.
* Praça Dr. José Esteves / Praça Dr. Jorge/Praça Monsenhor Domingos Pinheiro e Praça Dona Josefina.


CONHEÇA OS IPÊS
Alessandra Teixeira Silva
Engenheira Florestal
Foto: Alessandra Teixeira

Botânica: De acordo com a classificação botânica, os ipês pertencem à família Bignoniaceae, família esta constituída por cerca de 100 gêneros e 800 espécies pantropicais, predominantemente neotropicais e, poucas, distribuídas nas regiões temperadas. O Brasil é considerado importante centro de dispersão. São plantas lenhosas, além das formas arbóreas, ocorrem também as arbustivas ou subarbustivas. Os ipês pertencem ao gênero Tabebuia(a palavra  “gênero”  é definida como uma categoria formada pela reunião de espécies semelhantes, considerando tanto os aspectos genéticos quanto os ecológicos). Podemos citar diversas espécies deste gênero como: Tabebuia alba ( ipê amarelo); Tabebuia aurea ( Ipê amarelo do cerrado); Tabebuia avellanedae

 ( ipê-roxo);  Tabebuia cassinoides (caixeta); Tabebuia chrysotricha ( ipê-amarelo cascudo); Tabebuia dura ( ipê-branco-do-brejo); Tabebuia heptaphylla ( Ipê-roxo ou ipê rosa ); Tabebuia impetiginosa ( ipê-roxo); Tabebuia roseo-alba (ipê-branco); Tabebuia serratifolia (pau-d’arco-amarelo); Tabebuia umbellata (ipê-amarelo do brejo); Tabebuia vellosoi( ipê-tabaco).


Aspectos gerais: É na verdade um complexo de cerca de dez espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas, roxas ou rosas. São lindas árvores que embelezam e promovem um colorido no final do inverno. Existe uma crença popular de que quando o ipê-amarelo floresce não ocorrerá mais geada. De um modo geral, os ipês atingem uma altura de 25 metros, com exceção aos ipês brancos que possuem um porte menor. Normalmente apresentam a madeira muito pesada e moderadamente pesada, muito dura ao corte, de alta resistência mecânica e de longa durabilidade. Quanto aos aspectos ecológicos, os ipês normalmente são considerados espécies heliófitas (planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta) e decídua (que perde as folhas em determinada época do ano). A entrecasca do ipê-amarelo possui propriedades terapêuticas como adstringente usada no tratamento de garganta e estomatites. É também usada como diurético. O ipê-amarelo possui flores melíferas. Infelizmente, a espécie é considerada vulnerável quanto à ameaça de extinção. Possui tendência em crescer reto e sem bifurcações quando plantado em reflorestamento misto, pois é espécie monopodial.



Sementes/mudas: Os frutos devem ser coletados antes da dispersão, para evitar a perda de sementes. A germinação ocorre após 30 dias e apresenta um índice de germinação em geral de 80%. A muda atinge cerca de 30 cm em 9 meses, apresentando tolerância ao sol 3 semanas após a germinação. Dependendo da espécie, um quilograma de semente pode conter aproximadamente 80.000 unidades. O desenvolvimento das mudas no campo é variável, chegam a atingir em 2 anos, uma altura que pode aproximar entre 2,50 a 3,00 metros.
Foto: Alessandra Teixeira


Paisagismo e arborização urbana: As árvores desta espécie proporcionam, em curto período de tempo, um belo espetáculo com sua magnífica floração na arborização de ruas em cidades brasileiras. Não se recomenda plantar em calçadas estreitas, seu plantio deve ser de preferência em locais amplos (praças, parques públicos e condomínios residenciais). No planejamento de jardins, é preciso não esquecer que sua floração dura pouco tempo, e seu uso como atração principal na primavera deve ter boa combinação com as outras plantas Ao ser utilizado em arborização urbana, o ipê amarelo requer podas de condução com freqüencia mediana. O ipê também é indicado para a recomposição de matas ciliares. É considerada uma árvore símbolo e também é protegida por Lei. Plante um ipê!!!
Foto: Alessandra Teixeira. Local: Universidade Federal de Lavras(UFLA), 2016.




ÁRVORES URBANAS
Alessandra Teixeira da Silva
Engenheira Florestal
Membro da Academia Lavrense de Letras

Vista do dossel da Praça Dr. Augusto Silva/ Lavras-MG Foto: Alessandra
            As árvores urbanas trazem inúmeros benefícios entre os quais se destacam a purificação do ar, equilíbrio térmico, redução de ruídos, qualificação financeira e paisagística dos imóveis, atração de fauna silvestre, opções de lazer e descanso para a população e valorização histórico-cultural.
            Porém, além de implantar a arborização há necessidade de planejar desde a escolha correta das espécies a utilizar, de acordo com sua adaptabilidade ao meio urbano, características morfológicas tais como uma boa arquitetura de copa, espaço disponível para seu desenvolvimento (horizontal e vertical), até uma eficiente condução e manutenção, sendo a correta realização de podas, um dos principais cuidados a serem tomados. Os modelos arquitetônicos são diferenciados para cada espécie devido às suas exigências ecológicas distintas.
             Pode-se adequar as práticas silviculturais às características arquitetônicas de cada espécie, a fim de obter os objetivos propostos, com um mínimo de custos. Espécies de crescimento ortotrópico ( situação em que a espécie apresenta um espaço horizontal limitado para crescer) são beneficiadas com a prática da poda, já que aprimoram o modelo de crescimento, valorizando o fuste, ao contrário das de crescimento plagiotrópico ( espaço vertical limitado) que necessitam de condições específicas para desenvolver um fuste reto. Como essas características são comuns a indivíduos de mesma espécie, deve-se então ter conhecimento do modelo arquitetônico das mesmas ao se realizar uma seleção para implantação em ambiente urbano de espaço limitado.
            As árvores urbanas, principalmente as das calçadas das vias públicas, vivem em um ambiente inóspido, pouco acolhedor a qualquer forma de vida. Os solos sob as calçadas têm geralmente péssimas propriedades físicas e químicas, a impermeabilização excessiva prejudica a saúde das raízes, não há ciclagem de nutrientes e a poluição reduz seu tempo de vida.
            Por serem absolutamente necessárias ao equilíbrio do ambiente urbano, ainda mais em cidades tropicais, as árvores plantadas nas calçadas bem como as de praças públicas, precisam ser objeto de cuidados especiais, com manutenção e monitoramento sistemáticos. Sem isso, não há arborização satisfatória e os plantios realizados, como mera formalidade de cumprimento da obrigação do poder público, são apenas mais um capítulo numa história na qual a morte será breve e anunciada.
            Apesar das limitações do ambiente e do descaso da sociedade, as árvores urbanas resistem. Mas dificilmente superam os danos de corte de raízes para implantação ou conserto de redes subterrâneas, as podas criminosas justificadas pela necessidade de se conviver com uma fiação aérea caótica e desprotegida, e às agressões cotidianas de pessoas desinformadas e inconseqüentes. Feridas de morte, as árvores já não podem fornecer os benefícios que nós esperamos e passam a constituir um risco àqueles que mais precisam delas.... As árvores no meio urbano apresentam uma vida útil em torno de 40 anos dependendo da espécie, isto quer dizer que durante sua vida esta espécime sofreu limitações ao longo das fases, devido às interferências do meio urbano como, poluição, ventanias, podas drásticas, vandalismo, estruturas arquitetônicas dentre outras. Com isto, à medida que uma árvore envelhece é necessário um adequado monitoramento para que não tragam riscos à população. Ventos que chegam até 50 quilômetros por hora de velocidade podem ser fatais para árvores com idade acima de 30 anos. Encontramos hoje muitas árvores comprometidas no meio urbano, que podem a qualquer momento caírem causando acidentes graves com morte de indivíduos. “Erradicar” árvores hoje pode até ser uma solução emergencial para algumas das árvores em perigo iminente.
Vista da Praça Leonardo Venerando/ Lavras-MG
             Algumas medidas precisam ser adotadas, integrando um plano de arborização urbana capaz de ordenar as podas realizadas para manutenção de rede, com uma real supervisão e avaliação de resultados, dando prioridade à sanidade e à segurança das árvores, além de prever operações de arboricultura, com limpezas periódicas para retirada de galhos secos e apodrecidos, tocos remanescentes de cortes anteriores, parasitas e epífitas, combate a doenças e pragas e aplicação de técnicas de dendrocirurgia para corrigir as conseqüências de danos anteriores. Cortar uma árvore é a último procedimento que se deve realizar antes de se fazer uma poda, para diminuir o peso sobre o tronco, e se instalar um escoramento. No entanto, há situações em que os cortes são necessários para se evitar um mal maior.
            É necessário incorporar a arborização urbana nas campanhas educativas e ter normas eficazes e fiscalização eficiente para coibir as agressões às árvores públicas. Infelizmente o poder público, devido à sua morosidade burocrática, não enxerga as árvores urbanas como um ícone de benefício à população. Plantar árvores dentro de um planejamento bem como podá-las não produz resultados eleitorais.
            “Plantar árvores dentro de um planejamento torna-se um grande investimento à população”.
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